quinta-feira, 19 de março de 2009

Segunda-feira na praça do pôr-do-sol

De vez em quando eu tenho que sair da redação e fazer reuniões pela cidade. Na última segunda-feira, visitei um estúdio que ficava a duas quadras da praça do pôr-do-sol, na Vila Madalena. Inda bem que eu tava de bike pra ver tudo isso aí...






terça-feira, 10 de março de 2009

Cumprindo promessa

Taí o Gustavão, do último post, feliz da vida e fazendo pose com sua bike nova.

Mais um!

Ontem eu recebi uma visita muito querida. Meu amigo Gustavo Angimahtz violonista, sambista, jornalista e ex- rugbysta agora é ciclista e veio de bike até meu trabalho almoçar comigo. A magrela do magrelo foi comprada no último sábado. O cara demorava uma hora pra chegar ao trabalho de busão e se rendeu às pedaladas para, em 20 minutos, chegar pingando e feliz da vida ao escritório. E é com todo o orgulho que conto que o sodebike influenciou a escolha do garoto! O Gus escreveu um testemunho sobre sua decisão que publico abaixo. Na foto, ele aos três anos. Prometo em breve postar uma recente dele pedalando.
(To tentando convencê-lo a escrever para o Só de Bike! Bora incentivar o rapaz com comentários, galera!!!)



"Sou desses que não dirige, pilota. Sou desses que buzina, costura, remenda e faz bainha no trânsito. Por conta deste meu temperamento bipolar (já que na “vida real” eu sou exatamente o oposto), nunca imaginei que um dia seria capaz de mudar. Não mudar totalmente, mas procurar uma alternativa para o trânsito em São Paulo – que não é lá muito fácil.

Para me locomover na metrópole eu posso utilizar ônibus, carro, moto, bicicleta, trem, metrô, minhas perninhas, ou as benditas caronas, mas vou provar por A+B que minha escolha foi a mais sã. Moro em Moema, um bairro não muito beneficiado pelo transporte público que funciona (leia-se trem e metrô). Logo, de cara, eliminei essas duas possibilidades há 12 anos, quando completava onze anos de vida. Mamãe, ocupada com o trabalho, apesar de toda a sua corujisse, não podia mais ficar levando o seu amado para as aulas de inglês. Eu não podia dirigir – tá, óbvio – e comecei a pegar caronas com colegas que moravam perto de casa. Contudo, quem já fez inglês sabe muito bem que nenhuma alma sóbria vai a todas as aulas sem nunca faltar. Ninguém com exceção da minha pessoa. É verdade, não tinha esse hábito, era um nerd convicto, e só tirava notas boas.

Assim que me vi forçado a me virar para chegar ao inglês, mamãe pediu auxílio à uma amiga, que me acompanhou nas primeiras viagens de ônibus fazendo a linha Moema-Itaim duas vezes por semana. Naquela época, era possível acordar apenas 40 minutos antes da aula. Eu, com minha mochilinha da Cultura Inglesa branca, com o leãozinho desenhado, fazia o trajeto e morria de medo de ser assaltado.

Essa minha fobia me fazia acreditar que em todas as esquinas alguém estava à espreita para roubar meu tênis e me deixar pelado na rua, já que eu não tinha nada de valor com 11 anos. Para driblar – ou melhor, para ganhar os assaltantes pelo coração – a minha tática era fingir que era um deficiente, e então, duas vezes por semana, pela manhã, eu era um coxo indo ao inglês. Isso durou até o dia em que minha mãe estava a fumar na janela de casa e me viu voltando, mancando. Cheguei em casa, e ela, preocupada, perguntou-me se eu havia me machucado. Fui motivo de chacota pela minha própria mãe, que não só fez o dia dela com tanta risada, como também compartilhou essa “alegria” com suas amigas. Foi inesquecível.

O tempo passou e as pessoas passaram a gostar de comprar carros. Mas o problema é que as pessoas também passaram a gostar de nascer, e de morar em cidade grande, e São Paulo se tornou intransitável. Hoje em dia, 12 anos depois, ainda tenho o hábito de usar o ônibus para todos os lados, pois não ganhei um carro quando entrei na faculdade – e nem recrimino ninguém por isso. Fui percebendo, conforme minha maturidade me consumia, que a cidade está a cada ano mais caótica, e que é preciso mudar. Uso o carro dos meus pais quando posso, e sempre piloto. Piloto muito, xingo, buzino, e aquelas coisas todas que disse que fazia no primeiro parágrafo.

Essa saga durou até o dia que passei a ter que acordar uma hora e meia e a gastar mais de 100 reais por mês para ir e voltar do trabalho. Eu perdia mais de uma hora e meia do meu dia no trânsito em São Paulo. Isso começou a me dar ataques de agonia e eu saltava do ônibus e ia a pé, de onde estivesse. Já fiz escalas Congonhas – Jardins, Jaguaré – Moema, Higienópolis – Moema, entre outras, a pé, e não uma vez. E aprendi a gostar disso. O problema é que, a pé, apesar de ser delicioso, faz você demorar no mínimo o dobro para chegar nos lugares, fora o suor.

Para todas essas minhas condições e exigências, acabei encontrando uma solução no dia em que conhecia um amigo, Marcelo Iha, mas nem imaginava que seria a minha solução. Ele fazia tudo de bicicleta, e não reclamava. Chegava suado também, mas dizia que adorava, e eu não conseguia conceber a idéia. 6 anos depois, depois de formado, a amiga Natália Garcia ficou online no MSN com um nick que remetia ao endereço de um blog que parecia um novo projeto, com o seguinte dizer: www.sodebike.blogspot.com. Entrei, e vi que aquela minha amiga, outrora sedentária, havia comprado uma bicicleta de dobrar e estava se divertindo horrores com ela, seu blog, e suas fotos e histórias que vivia com ela. Isso me instigou, e a chamei para uma conversa.

Bastaram alguns minutos para eu me convencer que essa seria a minha solução. Menos de um mês depois, me vejo com minha bike, pedalando para Higienópolis, Perdizes, Praça Roosevelt e para o trabalho, demorando quase nada, sentindo o vento na cara, abrindo os braços, pilotando, costurando, sem buzinar, e respeitando minha cidade e meu planeta. É um estilo de vida, um meio de se exercitar, uma sensação de liberdade e um prazer sem igual. Além de tudo, passei a, como motorista, respeitar muito mais o ciclista.!"