terça-feira, 10 de março de 2009

Mais um!

Ontem eu recebi uma visita muito querida. Meu amigo Gustavo Angimahtz violonista, sambista, jornalista e ex- rugbysta agora é ciclista e veio de bike até meu trabalho almoçar comigo. A magrela do magrelo foi comprada no último sábado. O cara demorava uma hora pra chegar ao trabalho de busão e se rendeu às pedaladas para, em 20 minutos, chegar pingando e feliz da vida ao escritório. E é com todo o orgulho que conto que o sodebike influenciou a escolha do garoto! O Gus escreveu um testemunho sobre sua decisão que publico abaixo. Na foto, ele aos três anos. Prometo em breve postar uma recente dele pedalando.
(To tentando convencê-lo a escrever para o Só de Bike! Bora incentivar o rapaz com comentários, galera!!!)



"Sou desses que não dirige, pilota. Sou desses que buzina, costura, remenda e faz bainha no trânsito. Por conta deste meu temperamento bipolar (já que na “vida real” eu sou exatamente o oposto), nunca imaginei que um dia seria capaz de mudar. Não mudar totalmente, mas procurar uma alternativa para o trânsito em São Paulo – que não é lá muito fácil.

Para me locomover na metrópole eu posso utilizar ônibus, carro, moto, bicicleta, trem, metrô, minhas perninhas, ou as benditas caronas, mas vou provar por A+B que minha escolha foi a mais sã. Moro em Moema, um bairro não muito beneficiado pelo transporte público que funciona (leia-se trem e metrô). Logo, de cara, eliminei essas duas possibilidades há 12 anos, quando completava onze anos de vida. Mamãe, ocupada com o trabalho, apesar de toda a sua corujisse, não podia mais ficar levando o seu amado para as aulas de inglês. Eu não podia dirigir – tá, óbvio – e comecei a pegar caronas com colegas que moravam perto de casa. Contudo, quem já fez inglês sabe muito bem que nenhuma alma sóbria vai a todas as aulas sem nunca faltar. Ninguém com exceção da minha pessoa. É verdade, não tinha esse hábito, era um nerd convicto, e só tirava notas boas.

Assim que me vi forçado a me virar para chegar ao inglês, mamãe pediu auxílio à uma amiga, que me acompanhou nas primeiras viagens de ônibus fazendo a linha Moema-Itaim duas vezes por semana. Naquela época, era possível acordar apenas 40 minutos antes da aula. Eu, com minha mochilinha da Cultura Inglesa branca, com o leãozinho desenhado, fazia o trajeto e morria de medo de ser assaltado.

Essa minha fobia me fazia acreditar que em todas as esquinas alguém estava à espreita para roubar meu tênis e me deixar pelado na rua, já que eu não tinha nada de valor com 11 anos. Para driblar – ou melhor, para ganhar os assaltantes pelo coração – a minha tática era fingir que era um deficiente, e então, duas vezes por semana, pela manhã, eu era um coxo indo ao inglês. Isso durou até o dia em que minha mãe estava a fumar na janela de casa e me viu voltando, mancando. Cheguei em casa, e ela, preocupada, perguntou-me se eu havia me machucado. Fui motivo de chacota pela minha própria mãe, que não só fez o dia dela com tanta risada, como também compartilhou essa “alegria” com suas amigas. Foi inesquecível.

O tempo passou e as pessoas passaram a gostar de comprar carros. Mas o problema é que as pessoas também passaram a gostar de nascer, e de morar em cidade grande, e São Paulo se tornou intransitável. Hoje em dia, 12 anos depois, ainda tenho o hábito de usar o ônibus para todos os lados, pois não ganhei um carro quando entrei na faculdade – e nem recrimino ninguém por isso. Fui percebendo, conforme minha maturidade me consumia, que a cidade está a cada ano mais caótica, e que é preciso mudar. Uso o carro dos meus pais quando posso, e sempre piloto. Piloto muito, xingo, buzino, e aquelas coisas todas que disse que fazia no primeiro parágrafo.

Essa saga durou até o dia que passei a ter que acordar uma hora e meia e a gastar mais de 100 reais por mês para ir e voltar do trabalho. Eu perdia mais de uma hora e meia do meu dia no trânsito em São Paulo. Isso começou a me dar ataques de agonia e eu saltava do ônibus e ia a pé, de onde estivesse. Já fiz escalas Congonhas – Jardins, Jaguaré – Moema, Higienópolis – Moema, entre outras, a pé, e não uma vez. E aprendi a gostar disso. O problema é que, a pé, apesar de ser delicioso, faz você demorar no mínimo o dobro para chegar nos lugares, fora o suor.

Para todas essas minhas condições e exigências, acabei encontrando uma solução no dia em que conhecia um amigo, Marcelo Iha, mas nem imaginava que seria a minha solução. Ele fazia tudo de bicicleta, e não reclamava. Chegava suado também, mas dizia que adorava, e eu não conseguia conceber a idéia. 6 anos depois, depois de formado, a amiga Natália Garcia ficou online no MSN com um nick que remetia ao endereço de um blog que parecia um novo projeto, com o seguinte dizer: www.sodebike.blogspot.com. Entrei, e vi que aquela minha amiga, outrora sedentária, havia comprado uma bicicleta de dobrar e estava se divertindo horrores com ela, seu blog, e suas fotos e histórias que vivia com ela. Isso me instigou, e a chamei para uma conversa.

Bastaram alguns minutos para eu me convencer que essa seria a minha solução. Menos de um mês depois, me vejo com minha bike, pedalando para Higienópolis, Perdizes, Praça Roosevelt e para o trabalho, demorando quase nada, sentindo o vento na cara, abrindo os braços, pilotando, costurando, sem buzinar, e respeitando minha cidade e meu planeta. É um estilo de vida, um meio de se exercitar, uma sensação de liberdade e um prazer sem igual. Além de tudo, passei a, como motorista, respeitar muito mais o ciclista.!"

8 comentários:

Nati disse...

To MUITO orgulhosa de vc, Gus!

Anónimo disse...

brigado, Nati! hahaha

Thais disse...

nati, daqui a um tempinho vc vai poder colocar um texto meu tb como seguidora da moda (nao tao legal qto esse acima huauha) mas te falei né...é meu proximo investimento!
to te esperando aqui no rio sabadão! vamos tocar o terror!
bjocas!
só um PS: eu li esse texto no trabalho e quase ri alto com a história do coxo UHAUHAUHAUH mto bom

sabrina duran disse...

ei, Gustavo
que legal essa tua mudança!! confesso que cada vez que vejo um depoimento assim me animo mais e mais pra comprar uma bike e me locomover por sp com ela. e a nati tem 70% de culpa por isso..:)
to em processo de mudança de casa, do jaguare (que vc bem sabe, é longe pra burro do resto do universo) pra uma regiao mais central, tipo consolação ou arredores. assim que isso acontecer (em breve!) quero comprar uma bike dobravel tb e, finalmente, poder fugir do transito, fazer algum exercicio e poder dizer que tenho algum bem no meu nome..ra!
agora, ca pra nos: essa de se fingir de manco....vou me juntar à sua mae e espalhar a lenda, ok? mto boa a historia!
beijo pra vcs dois.

Nati disse...

Sabrina e Thais estão INTIMADAS a participar do blog assim que adquirirem suas magrelas.

sabrina duran disse...

intimação aceita ;)
bjs

Cristina Casagrande disse...

Hahahahaha, agoooora eu entendi a paga-pauzice do Gus! Não fica ofendido, tá? Eu achei ótima sua história!

Agora, eu não me espantei muito com o fato de vc ter se fingido de coxo, heheheheh.

Vocês reclamam, mas osasquense sem carro sofre mais. Eu até seria paga-pau tb e compraria uma bike, não fosse o medo de ser atropelada pelos motoristas monstros com tentáculos gigantes babentos e melequentos de Sampa City=/

Anónimo disse...

Brigadão, gentes! Mesmo!
A bike já passou pela primeira revisão! Estamos aí, né!