terça-feira, 19 de maio de 2009

Novos Caminhos

Cansei daqui.

Vim pra cá: http://urbike.wordpress.com/

quem quiser, vem junto.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Segunda-feira na praça do pôr-do-sol

De vez em quando eu tenho que sair da redação e fazer reuniões pela cidade. Na última segunda-feira, visitei um estúdio que ficava a duas quadras da praça do pôr-do-sol, na Vila Madalena. Inda bem que eu tava de bike pra ver tudo isso aí...






terça-feira, 10 de março de 2009

Cumprindo promessa

Taí o Gustavão, do último post, feliz da vida e fazendo pose com sua bike nova.

Mais um!

Ontem eu recebi uma visita muito querida. Meu amigo Gustavo Angimahtz violonista, sambista, jornalista e ex- rugbysta agora é ciclista e veio de bike até meu trabalho almoçar comigo. A magrela do magrelo foi comprada no último sábado. O cara demorava uma hora pra chegar ao trabalho de busão e se rendeu às pedaladas para, em 20 minutos, chegar pingando e feliz da vida ao escritório. E é com todo o orgulho que conto que o sodebike influenciou a escolha do garoto! O Gus escreveu um testemunho sobre sua decisão que publico abaixo. Na foto, ele aos três anos. Prometo em breve postar uma recente dele pedalando.
(To tentando convencê-lo a escrever para o Só de Bike! Bora incentivar o rapaz com comentários, galera!!!)



"Sou desses que não dirige, pilota. Sou desses que buzina, costura, remenda e faz bainha no trânsito. Por conta deste meu temperamento bipolar (já que na “vida real” eu sou exatamente o oposto), nunca imaginei que um dia seria capaz de mudar. Não mudar totalmente, mas procurar uma alternativa para o trânsito em São Paulo – que não é lá muito fácil.

Para me locomover na metrópole eu posso utilizar ônibus, carro, moto, bicicleta, trem, metrô, minhas perninhas, ou as benditas caronas, mas vou provar por A+B que minha escolha foi a mais sã. Moro em Moema, um bairro não muito beneficiado pelo transporte público que funciona (leia-se trem e metrô). Logo, de cara, eliminei essas duas possibilidades há 12 anos, quando completava onze anos de vida. Mamãe, ocupada com o trabalho, apesar de toda a sua corujisse, não podia mais ficar levando o seu amado para as aulas de inglês. Eu não podia dirigir – tá, óbvio – e comecei a pegar caronas com colegas que moravam perto de casa. Contudo, quem já fez inglês sabe muito bem que nenhuma alma sóbria vai a todas as aulas sem nunca faltar. Ninguém com exceção da minha pessoa. É verdade, não tinha esse hábito, era um nerd convicto, e só tirava notas boas.

Assim que me vi forçado a me virar para chegar ao inglês, mamãe pediu auxílio à uma amiga, que me acompanhou nas primeiras viagens de ônibus fazendo a linha Moema-Itaim duas vezes por semana. Naquela época, era possível acordar apenas 40 minutos antes da aula. Eu, com minha mochilinha da Cultura Inglesa branca, com o leãozinho desenhado, fazia o trajeto e morria de medo de ser assaltado.

Essa minha fobia me fazia acreditar que em todas as esquinas alguém estava à espreita para roubar meu tênis e me deixar pelado na rua, já que eu não tinha nada de valor com 11 anos. Para driblar – ou melhor, para ganhar os assaltantes pelo coração – a minha tática era fingir que era um deficiente, e então, duas vezes por semana, pela manhã, eu era um coxo indo ao inglês. Isso durou até o dia em que minha mãe estava a fumar na janela de casa e me viu voltando, mancando. Cheguei em casa, e ela, preocupada, perguntou-me se eu havia me machucado. Fui motivo de chacota pela minha própria mãe, que não só fez o dia dela com tanta risada, como também compartilhou essa “alegria” com suas amigas. Foi inesquecível.

O tempo passou e as pessoas passaram a gostar de comprar carros. Mas o problema é que as pessoas também passaram a gostar de nascer, e de morar em cidade grande, e São Paulo se tornou intransitável. Hoje em dia, 12 anos depois, ainda tenho o hábito de usar o ônibus para todos os lados, pois não ganhei um carro quando entrei na faculdade – e nem recrimino ninguém por isso. Fui percebendo, conforme minha maturidade me consumia, que a cidade está a cada ano mais caótica, e que é preciso mudar. Uso o carro dos meus pais quando posso, e sempre piloto. Piloto muito, xingo, buzino, e aquelas coisas todas que disse que fazia no primeiro parágrafo.

Essa saga durou até o dia que passei a ter que acordar uma hora e meia e a gastar mais de 100 reais por mês para ir e voltar do trabalho. Eu perdia mais de uma hora e meia do meu dia no trânsito em São Paulo. Isso começou a me dar ataques de agonia e eu saltava do ônibus e ia a pé, de onde estivesse. Já fiz escalas Congonhas – Jardins, Jaguaré – Moema, Higienópolis – Moema, entre outras, a pé, e não uma vez. E aprendi a gostar disso. O problema é que, a pé, apesar de ser delicioso, faz você demorar no mínimo o dobro para chegar nos lugares, fora o suor.

Para todas essas minhas condições e exigências, acabei encontrando uma solução no dia em que conhecia um amigo, Marcelo Iha, mas nem imaginava que seria a minha solução. Ele fazia tudo de bicicleta, e não reclamava. Chegava suado também, mas dizia que adorava, e eu não conseguia conceber a idéia. 6 anos depois, depois de formado, a amiga Natália Garcia ficou online no MSN com um nick que remetia ao endereço de um blog que parecia um novo projeto, com o seguinte dizer: www.sodebike.blogspot.com. Entrei, e vi que aquela minha amiga, outrora sedentária, havia comprado uma bicicleta de dobrar e estava se divertindo horrores com ela, seu blog, e suas fotos e histórias que vivia com ela. Isso me instigou, e a chamei para uma conversa.

Bastaram alguns minutos para eu me convencer que essa seria a minha solução. Menos de um mês depois, me vejo com minha bike, pedalando para Higienópolis, Perdizes, Praça Roosevelt e para o trabalho, demorando quase nada, sentindo o vento na cara, abrindo os braços, pilotando, costurando, sem buzinar, e respeitando minha cidade e meu planeta. É um estilo de vida, um meio de se exercitar, uma sensação de liberdade e um prazer sem igual. Além de tudo, passei a, como motorista, respeitar muito mais o ciclista.!"

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A quarta-feira de cinzas e as fotos que eu não tirei.

O carnaval já passou e o pierrot não rangou a colombina (pô, Cristina!)


A quarta-feira de cinzas acordou silenciosa. Eu que de ressaca fico mais sensível ao barulho. Não fossem as caras cansadas, nem resquício de carnaval. As avenidas República do Líbano, Hélio Pelegrino e Faria Lima estavam limpas, no asfalto só água da chuva. Quando cheguei à altura das obras do largo da Batata, avistei, ao lado das tábuas de madeira que separam os buracos dos carros, uma latinha de cerveja que ainda pulsava. Logo mais à frente, no restinho de ciclovia da Faria Lima antes de chegar à rua Pedroso de Moraes, três confetes que o vento não conseguia desgrudar do chão.


Saí das grandes avenidas e entrei nas ruelas de Pinheiros. No portão de uma casa, um pandeiro caído e um cachorro latindo um samba sentido.


Pedalei respirando esses pedaços de carnaval, sem clicar. Achei que nenhuma foto (minha, pelo menos) faria jus à força dessas imagens.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Dindi's Rules

Sexta-feira saí do trabalho preguiçosa, fazendo ruídos para esticar as pernas, demorou até conseguir me levantar. Meti a bagagem pesaaaada nas costas e saí rodando pela cidade, já sabendo do trânsito que me esperava.

Peguei o metrô e descobri que gosto muito mais da avenida Sumaré do que da estação.
Saltei na consolação porque queria ver o movimento da rua. Pela primeira vez, parei de fitar os carros e olhei para os lados. Sem o menor medo de me deixar conduzir, espiei o movimento nas calçadas e avistei uma escadinha para uma sebo-galeria. Lá embaixo o lixo é reciclado e não pode colocar o pé na parede.

Deu um desânimo pra subir, mas é tudo uma questão de força motriz.
De volta à avenida Paulista, comecei a detectar harmonia no caos do trânsito. Tinha qualquer traço de melodia quando aquelas buzinas e motores se manifestavam. Até que as notas de Por Una Cabeça, de Carlos Gardel, tomaram conta do que cheguei a pensar que fosse alucinação. Mas foi só torcer para o lado e constatar que tinha um violinista reproduzindo a trilha do Perfume de Mulher.
Fiquei imaginando uma versão urbanóide, com percussão, de repente até uma guitar pééééééééééééé “OLHA PRA FRENTE!!!”.

Lá no comecinho da avenida Paulista me diverti com as pinturas com buracos nos rostos. Mas tanto os pedestres quanto os motoristas pareciam muito ocupados para se divertir.
Cheguei, enfim, ao bar e me entreguei a uma cervejinha. Ninguém é de ferro! Digo, algumas até são, mas eu vim de alumínio!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Fui ser gauche na vida

Foi meter o guidão na primeira avenida pra sentir aquele anjo negro com tração nas quatro rodas berrando na minha orelha: "vai, Natália, pra puta que te pariu!". Sabe como é, rua é lugar de carro. “Veículo de motor a explosão, destinado ao transporte de passageiros ou de cargas”, diz o Houaiss. Daí que todo dia assisto a um espetáculo de buzinas e faróis altos que me fazem fugir para a calçada. Só que calçada é lugar de pedestre! E tem sempre uma gordo-macarrônica que berra "mas agora já me tomar'as'carçada de vez!".

Quando eu fiz CFC (não o Cloro-Flúor-Carbono, o outro), aprendi que, por lei, os veículos maiores devem zelar pelos menores. No caso das bikes e motocicletas, deve-se passar por elas a uma distância mínima de 1,5m. Na pista da direita, deve-se deixar o acostamento livre, por onde as bicicletas devem transitar. Só que os motoristas paulistanos insistem em continuar a não respeitar essas regras. Sofrem da peculiar síndrome de Gabriela “eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim, vou ser sempre assim”. Dia desses, eu tava na faria lima, a pista da direita completamente esburacada e a calçada fininha lotada de pedestres. Fui para a faixa que separa a primeira da segunda pista e tomei uma puta buzino-fechada de um Ecosport que queria mudar de faixa.


Gente, quando eu falo de zelar pelos veículos menores, eu to falando de uma bike que não alcança o pé no chão!




segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Negociando o preço do taxi


- Não dá pra fazer por 20 reais até moema?
- Daí a senhora me complica a vida...

bééééééééééééééééééé

começaram a buzinar e não consegui ouvir o fim da história.

Gente... Mais Platão e Menos Prozac!!!

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Rolê de Refém

Subi a Rebouças de uma vez, peguei a Paulista e fui esperar minha amiga Débora sair do trabalho. Tirava fotos dos rastros das luzes na rua, a bike apoiada numa muretinha, a mochila no chão.


Duas meninas de rua vieram se chegando. Fiquei apreensiva com a câmera na mão.

“Pçá tê medo não que nóis não é bandido. Nóis só qué uns trocado”.

A Adrielle e a Katia, 13 e 15 anos, moram perto da estação conceição do metrô. Estudam num colégio público da região, ambas na sexta série. Passavam pela Paulista procurando uns trocados para comprar um caderno novo e um presente de aniversário para o avô da Adrielle. Katia se mostrou do tipo que domina a situação. Malandra, sabe meter medo e fazer a coitadinha. Sacou que fiquei branca de pavor de levarem minha máquina. Garantiu que não fariam nada. Papo vai, papo vem, pedi pra fotografá-las e Adrielle abriu um sorrisão.

Mal baixei a câmera, Katia tomou-a da minha mão.

“Agora deixa eu tirar uma sua.”

Eu tinha certeza que fudeu, perdi a câmera. Se deliciando com meu pânico, Katia começou a dar lentos passos para trás, como quem procura o melhor ângulo para a câmera, dizendo: “cuidaaado, porque tem gente que sai correndo por aí com a câmera na mão e cê nunca mais vê; pode sair confiando assim não”. Fiquei com essa cara.

Por ser do bem ou por ter ido com a minha cara, Katia me devolveu a câmera.

“E essa bicicreta doida aí, posso dá uma volta?”.

Refém-banana-fracote que fui, deixei, certa de que o alvo fora a magrela desde o começo. Katia foi até a esquina, voltou, deixou a amiga fazer o mesmo trajeto e voltar. Débora viu a cena certa de que eu tava sendo assaltada. Chegou perto e apresentei minhas novas amigas. Cumprimentaram-se com beijo no rosto e Kátia disparou “fala pá sua amiga num dá confiança assim pus’ôtu, qui num pódi í danu a câmera na mão de qualqué um, tem muita maldade, muito trombadinha por aí”. A pedido das meninas, tiramos mais fotos.



Na hora da despedida, a pergunta que me fez paralisar: “Cê tem Orkut?”. Tinha. “Tão me adiciona e passa as fótu pá nóis?”. Mas como acessavam o Orkut se não tinham cobertor pra passar a noite? “Lá no Center 3, perto de casa, é de graça, e às veiz nóis dá uns corre pá arrumá dinhero pá í na lan house”. Adrielle tinha 8 amigos e foi quem fez o orkut da Kátia, que tinha 4. Entreguei um papel com meus dados para me adicionarem e uma esmola de R$ 1,60. Fomos de taxi pra casa da Dé em silêncio.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Coisas que mudam com a magrela

1. Sabe aquele papo de que pra curar baixa auto-estima de mulher é só passar na frente da construção? Então, agora posso dizer com conhecimento de causa, pedalar é MUITO mais eficiente.

2. Todos os dias eu conheço gente nova. Sempre que to carregando a bicicleta dobrada no metrô ou no cinema, alguém vem perguntar quanto paguei, como funciona, etc etc.

3. Nunca mais perdi tempo procurando lugar para estacionar.

4. Percorro toda a avenida Paulista em 4 minutos, independentemente do trânsito.

5. Meu braço direito está bem mais forte que o esquerdo. É ele que carrega a magrela.

6. Quando vou a algum lugar novo, procuro o metrô mais próximo e o caminho com menos
subidas.

7. Quanto mais trânsito, melhor: os carros ficam parados enquanto eu mantenho velocidade constante no cantinho da rua.

8. Pego um taxi por semana, em média. (nunca mais do que três). Somando o que eu gastava com gasolina, manutenção, seguro e IPVA, o que eu gasto com transporte público e taxi por mês agora não chega nem à metade.

9. Todo dia faço um passeio, por menor que seja, num lugar novo.

10. Vou muito mais ao cinema.

11. Agora ouço CDs inteiros: não dá pra ficar pulando as músicas de que não gosto no iPod enquanto pedalo.

12. Uso muito menos cartão de débito, tiro às segundas-feiras o dinheiro que planejo
usar na semana. Resultado: controlo BEM melhor minhas finanças.

13. Vivo com uma garrafa de água, um desodorante, um perfume e um livro na bolsa.

14. Pego muito mais carona.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Na Rotina e fora dela

Na volta do trabalho resolvi pegar o metrô para encurtar o caminho
Desci na estação São Judas do Metrô e dei uma passadinha no mercado para comprar maracujá e gengibre: estava DOIDA por um chá. Não achei minha corrente na mochila e fui correndo achando que seria seguro deixar a bike solta lá na porta.
Este simpático segurança, Paulo Silva, carregado de um delicioso sotaque cearense, não achou que fosse tão seguro assim. Sem que eu pedisse, ele grudou do lado da minha magrela e não deixou ninguém chegar perto. Ainda recomendou que quando eu quisesse fazer compras à noite, escolhesse segundas, quartas ou sextas a partir das 20h. É quando ele trabalha.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Flanando a caminho do trampo

A chrysler e eu
De repente começa a ciclovia da Faria LimaObras no Largo da Batata
Ciclovia Sinalizada!
Os coxinha atrapalhando a ciclovia
Bicicletário do prédio

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Primeiro passo

Acordar pra realizar um sonho tira a preguiça de cima. O olho abre num susto e vão uns cinco segundos para lembrar o motivo daquela empolgação gritando por dentro. Só troquei de roupa sem banho pra não perder tempo.

Cheguei à loja com o coração batendo rápido. Consumismo? Talvez. Não ligo, eu queria e pronto. Queria agora, de abrir berreiro. Pude experimentar antes de fechar a compra. Fechei. Chorei leve na volta para casa.

Pode parecer menor ou banal. Quando ganhei minha primeira bicicleta, aos 10 anos, não fiquei tão feliz quanto agora, aos 25. Talvez tenham sido os sete anos de trânsito paulistano. Subi na magrela. Os dois tombos e a insegurança de passar perto dos carros não contiveram a euforia.

Parei de pedalar na descida e segurei firme no guidão. O vento bateu forte e só percebi o sorriso quando estava feito. Não me afastei mais de dez quadras de casa. Deu para ver 15 pessoas, todas estranhas, e sete estabelecimentos comerciais que sempre estiveram debaixo do meu nariz sem que eu notasse.

Eu não era mais a motorista estressada.

"Olha vô, a moça na bicicleta". Não devia ter mais que três anos. Quis chorar pesado. Entendi por que eu queria tanto ser a moça da bicicleta. Porque tem coisas que só de cima dela é possível ver.