terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Primeiro passo

Acordar pra realizar um sonho tira a preguiça de cima. O olho abre num susto e vão uns cinco segundos para lembrar o motivo daquela empolgação gritando por dentro. Só troquei de roupa sem banho pra não perder tempo.

Cheguei à loja com o coração batendo rápido. Consumismo? Talvez. Não ligo, eu queria e pronto. Queria agora, de abrir berreiro. Pude experimentar antes de fechar a compra. Fechei. Chorei leve na volta para casa.

Pode parecer menor ou banal. Quando ganhei minha primeira bicicleta, aos 10 anos, não fiquei tão feliz quanto agora, aos 25. Talvez tenham sido os sete anos de trânsito paulistano. Subi na magrela. Os dois tombos e a insegurança de passar perto dos carros não contiveram a euforia.

Parei de pedalar na descida e segurei firme no guidão. O vento bateu forte e só percebi o sorriso quando estava feito. Não me afastei mais de dez quadras de casa. Deu para ver 15 pessoas, todas estranhas, e sete estabelecimentos comerciais que sempre estiveram debaixo do meu nariz sem que eu notasse.

Eu não era mais a motorista estressada.

"Olha vô, a moça na bicicleta". Não devia ter mais que três anos. Quis chorar pesado. Entendi por que eu queria tanto ser a moça da bicicleta. Porque tem coisas que só de cima dela é possível ver.

2 comentários:

Cristina Casagrande disse...

Fez muito bem, Natizinha, nada melhor do que ver a vida por outros ângulos!

Márcia Carini disse...

Considerando o seu desempenho no Kart, realmente, eu acho que o mundo todo deve agradecer a sua bike nova...
Beijão